Leonilson e o artista do nosso tempo; Curadoria de Ricardo Resende
06.05-24.06.2023

Leonilson e o artista do nosso tempo; Curadoria de Ricardo Resende

Leonilson 06.05-24.06.2023
por Ricardo Resende

Nascido em Fortaleza, em 1º de março de 1957, Leonilson mudou-se para São Paulo ainda pequeno, aos cinco anos de idade. Em Maio de 2023, não se comemora e nem se celebra os 30 anos sem o artista. No entanto, a Galeria Verve, junto de outras instituições pelo país, organiza a mostra Leonilson e o artista dos nossos tempos, para lembrar a enormidade do seu legado que o coloca entre os mais relevantes artistas brasileiros.

Passados três décadas de seu falecimento precoce, em 28 de maio de 1993, o artista exerce uma grande influência em toda uma geração de novos artistas brasileiros, que têm como referência o seu modo de ser e a obra artística composta de desenhos, pinturas, bordados, gravuras, objetos escultóricos e escritura.

Leonilson produziu delicados desenhos e fez uso frequente de inscrições de textos e palavras, fazendo deles verdadeiras poesias. Conversas de alguém que transcendia o mundo.

No entanto, na década de 1970, formou-se artista sem terminar a faculdade depois de ouvir o conselho do professor e artista Nelson Leirner, que com outras palavras, recomendou Leonilson a ir pelo mundo, já que já era um artista feito. Melhor dito, nasceu artista.

Despontou nos anos 1980, ao fazer parte da geração que revolucionou o meio artístico brasileiro naquela década. Na exposição Leonilson, o artista do nosso tempo, selecionamos desenhos das aulas de modelo vivo em que pode-se observar o que viria depois. Nas pequenas figuras destes desenhos de 1977 e 1978, observamos que o artista vai preservar as qualidades dos traços que veremos nos desenhos do começo da década de 1990, final da sua carreira.

Figurinhas de homens reduzidas nos traços mínimos, mas ainda assim, carregados de forte expressão. Característica do seu desenho de pequenas proporções sobre folhas de papel com grandes áreas em branco.

Outros desenhos, aquarelados, do comecinho das anos 1980, da série [skinhead] podemos observar a maneira como iria ver o mundo interior das pessoas. Cenas do cotidiano em que retrata amigos no estado de contemplação. Nos anos 1990, Leonilson produziu uma série de desenhos que exploravam temas como a solidão, a angústia e a morte, muitas vezes de forma autobiográfica. Esses desenhos são caracterizados por traços mínimos mas fortes e expressivos, que evidenciam a carga emocional presente em toda a obra, que já se via nessa série de desenhos de modelo vivo de 1977. Os anos primordiais do artista.

… “grande parte da vida escapa aos que fazem pouco, a maior parte, aos que nada fazem e a vida inteira, aos que fazem o que não importa” (Sêneca, Edificar-se para a morte, Das Cartas morais a Lucilio, Editora Vozes, pág. 15).

Sem dúvida, Leonilson fez muito em pouco mais de 10 anos de carreira. É de uma vida intensa que se trata essa celebração.

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