Nas mãos de Anália Moraes e Fernanda Pompermayer, a matéria segue sua circularidade. Ela orbita um destino do qual se afasta apenas para, inevitavelmente, a ele retornar. Enquanto Anália recolhe vidros reciclados e silicone, fundindo-os a pó de conchas, barro e látex – para mediar as interações orgânicas e sintéticas –, Fernanda trata a argila como retalhos inesgotáveis de tecido: estampa rendas, submete-a à queima com esmaltes e madrepérola e, por fim, envolve os retalhos com resina. Se as cerâmicas de Anália se derretem, as de Fernanda se dobram; quando as de Anália se trincam, as de Fernanda se costuram. Uma tensiona a permanência da outra: Anália cria fósseis; Fernanda, colagens. Juntas, moldam um mergulho revertido, em constante inversão de sentido.