SP-Arte 2022 – Arte Natureza: Ressignificar para viver
06.04-10.04.2022

SP-Arte 2022 – Arte Natureza: Ressignificar para viver

Daniel Acosta 06.04-10.04.2022
"Arte Natureza: Ressignificar para viver ", por Ana Carolina Ralston

Junho de 1802. O naturalista e explorador alemão Alexander von Humboldt (1769-1859) escalava o Chimborazo, nos Andes, até então tido como o ponto mais alto do mundo, quando teve uma epifania que mudaria o rumo da ciência: tudo na natureza está ligado. O imponente vulcão é protagonista de seu famoso desenho “Naturgemülde”, no qual Humboldt apresenta dados como a temperatura, umidade e pressão atmosférica, permitindo, dessa forma, estabelecer relações entre a vegetação local e a de outras áreas. Esta classificação revolucionou o entendimento da natureza que temos até os dias de hoje, dando-nos a noção atual de Ecologia: a ideia da natureza como organismo vivo. Essa premissa norteia a exposição Arte natureza: ressignificar para viver, em cartaz na 18ª edição da SP–Arte.

O ressignificar daquilo que nos rodeia é chave para a sequência da vida humana como parte do meio. A transformação de matéria, assim como sua compensação em outros elementos, torna o equilíbrio e, consequentemente a nossa permanência na Terra, possíveis. Nada mais efetivo do que colocar tal diálogo em meio a um dos principais parques da América Latina, onde humanidade, arte e ambiente se encontram e coexistem. Percorrendo o centro da exposição está uma longa estrutura de madeira no formato da constelação ursa maior, reiterando a relevância da conexão entre céu e terra. Acerca dela estão expostas produções de 21 artistas que tocam de diferentes formas o universo da ecologia e da sustentabilidade, seja por meio da matéria-prima utilizada ou do discurso, que promove a reflexão acerca da preservação.

Como disse o artista e ativista alemão Joseph Beuys (1921-1986), figura central desta mostra e do movimento arte natureza, ao explicar sua famosa frase A revolução somos nós, “as pessoas poderiam fazer a revolução se usassem seu próprio poder, mas elas não estão conscientes do enorme poder que têm, e é por isso que não se faz nenhuma revolução”. Mas as portas seguem abertas e a arte é certamente uma das formas para alcançarmos tal pensamento e o colocarmos finalmente em ação.