Luisa Malzoni

Luisa Malzoni

n.São Paulo, BR (1980)

Possui graduação em Fotografia pelo Centro Universitário Senac (2004). Atua desde 2005 como técnica de restauro e conservação de filmes na Cinemateca Brasileira, onde se especializou no restauro fotoquímico de filmes com tingimento e viragem. Aplicou o método desmet, desenvolvido pelo restaurador belga Noel Desmet, em vários títulos importantes da filmografia brasileira, tais como: “Braza dormida”, “O segredo do corcunda”, “Grandezas de Pernambuco”, “Companhia Mogyana de Estradas de Ferro”, “Jurando vingar”, dentre outros. É também responsável técnica e operadora de scanner especializado em digitalização em alta resolução de filmes que apresentam deterioração.

Desenvolve desde 2003 trabalho autoral a partir do estudo das técnicas de fotografia e cinema do século XIX. Representada pela Verve Galeria desde 2013, participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior, e possui duas obras no museu de arte do Rio MAR. Ganhou o prêmio Jabuti 2020 na categoria capa, com o livro: Penitentes – dos ritos de sangue à fascinação do fim do mundo do fotógrafo Guy Veloso.

Desenvolve pesquisa de mestrado sob orientação do professor Eduardo Victorio Morettin sobre o restauro da cor do cinema silencioso no Brasil.

"Tecer lembranças para construir memórias", por Rosely Nakagawa, 2018

A memória não é um simples lembrar ou recordar, mas revela uma das formas fundamentais de nossa existência, que é a relação com o tempo e, no tempo, com aquilo que está invisível, ausente e distante, isto é, o passado. 

Marilena Chauí

 

Na filosofia, a memória é a garantia da estruturação da identidade, possibilitando o encontro consigo mesmo. 

O fio da lembrança tecido com rastro de luz que denuncia um gesto, a película tênue riscada no papel, a mancha seca; o rés do chão, o nó da lã, a dobra do lenço, a umidade do choro: a construção da memória através dessa trama urdida como experiência primordial é o que se pode depreender da experiência estética a que se dedica a artista Luisa Malzoni.

Experiência-ensaio desenvolvida desde quando escreveu o verso bordado que em sua obra se apresenta ao lado de fotografias, realizadas em suportes dos quais se apropria neste percurso – tesouros percebidos em recantos e recolhidos pela curiosidade de menina que não deixou de ser. O calor da areia, o cheiro de sol, o áspero da folha, o barulho do vestido e o que mais lhe interessar, evocados para não esquecer, mas especialmente guardados para restaurar o futuro.

A memória que não evoca o passado, mas testemunha a continuidade cheia de brilho e cuidado ao construir um tempo presente. Olho d’água brotando com a preservada mata que a rodeia, semeada ao longo do tempo, e combinando amor com bordado, carinho com tinta, devoção com luz e trabalho com muito prazer.