"As Yabás fazem referência às orixás femininas do panteão Yorubano como Yemanjá, Oxum, Yansã e uma Yaô, quando se está a cominho de se tornar uma Yabá. Trago a mitologia iorubá sobre essas deidades, grandes mães e um iniciante para mais uma vez falarmos da importante presença desse feminino gerador e mantenedor na sociedade e na ordenação de mundos."

"Elas são a ancestralidade, o antes, o aqui e agora e a continuidade dos que virão ancoradas nas que já foram. Na série “Yabás” eu destaco a importância vital que as mulheres negras tiveram na construção da estrutura socioeconômica do período colonial do Brasil e seu empoderamento, superação e afirmação em face ao contexto adverso de uma sociedade escravagista e sexista."

"As quatro Yabás (grandes mães ancestrais) e a Yaô (filha iniciada) são apresentadas em meu trabalho em longas escultura de bronze de 100 kg e 2,2 metros de altura e formam um conjunto de cinco esculturas, representando a força feminina de Oxum, Yansã, Yemanjá e Nanã."

“Escolhi esse tema após uma imersão no que é, e no que representam as grandes mães ancestrais, as Ajés Ìyàmìs, e a necessidade de desconstrução de uma história imposta pelo colonialismo e patriarcado que nos impediu de acessar entendimentos que nos potencializasse enquanto poder feminino gerador do que desejar.”

“Trago esse universo usando penas, escamas, simbolizadores da coletividade em um só corpo, como a mulher pássaro e mulher peixe, a vir vermelho sangue, representando o fluxo menstrual, a contínua transformação, a própria vida, e a grande cabaça da existência, origem de onde o mundo e tudo que nele há passam a existir. As pencas são o poder de transmutar uma história cruel e gerar liberdade”

“Abre Caminhos” traz a joalheria Afro Brasileira para falar sobre protagonismo feminino preto, superação, identidade e liberdade. Mulheres escravizadas como “Ganhadeiras” vendendo nas ruas seu quitutes, guardavam parte que lhes era destinado, no próprio corpo, em forma de uma penca de balangadãs. Estas mulheres são as primeiras designers de joias do Brasil que por não terem direito a depositar parte de seu ganho numa conta em banco, transformava em joia e o prendia no próprio corpo. O corpo no vídeo como um guardador de pecúlio que resistia diante de uma sociedade escravocrata elitista e sexista para que um dia, em porte de quantia significativa viesse a comprar a sua própria alforria ou a de uma parente. Diante de uma história única de pessoas escravizadas possuírem joias e onde a estética dessas joias contavam sua história e suas crenças, Nádia Taquary traz a obra “Abre Caminhos” para entendermos um pouco essa importante história.