ARTBO 2022
27.10-30.10.2022

ARTBO 2022

Igor Vidor, Pablo Ravina 27.10-30.10.2022

“Esquemas”, por Igor Vidor

O trabalho propõe um olhar histórico sobre a falência do plano de modernização do país. Cartuchos de balas, recolhidos em zonas de conflito entre diferentes poderes bélicos da cidade do Rio de Janeiro, são inseridos entre planos, que por sua vez se “desarranjam”. O artista investiga a falência de um plano que simboliza o funcionalismo asséptico, que não previa ou incluía a presença do corpo; a ausência deste corpo, então marginalizado por não participar do contrato social que tentou-se instituir com o pensamento desenvolvimentista no Brasil (prometido desde a construção de nossa atual capital federal) é também vista na elaboração da abstração geométrica no país.

“Obra”, por Luisa Fernanda Lindo

Em Obra, Pablo Ravina toma como ponto de partida o caso Odebrecht, que significou um cisma em vários países da região ao revelar a rede de corrupção sistêmica na qual estiveram envolvidas diversas personalidades e instituições públicas e privadas da América Latina. Assim, Ravina utiliza a frase ROUBA MAS TRABALHA —que está cada vez mais enraizada no imaginário latino-americano— com a intenção de documentar a normalização da corrupção nos últimos tempos.

A série é composta por nove pinturas feitas em acrílica sobre linho que seguem a estética da pintura abstrata de borda dura. A particularidade desta série reside nas escolhas feitas pelo artista para sublinhar a literalidade destas peças. Por um lado, todas as pinturas trazem a inscrição ROUBA MAS TRABALHA que, como traço, se situa na mesma posição. Por outro lado, a paleta de cores utilizada em cada peça remete às bandeiras dos países envolvidos no caso Odebrecht, como: Peru, Colômbia, Argentina, Chile, Uruguai, Venezuela, México, Equador e Brasil. Da mesma forma, os padrões geométricos utilizados por Ravina são inspirados em obras de artistas desses mesmos países, como: Eduardo Moll, Fanny Sanin, Graciela Hasper, Matilde Pérez, Amalia Nieto, Carlos Cruz-Diez, Vicente Rojo, Araceli Gilbert e Willys de Castro .

Assim, em Obra Pablo Ravina não só propõe uma releitura da frase ROUBA MAS FAZ TRABALHO, mas também coloca em tensão sua própria prática artística ao revelar os limites borrados entre roubo deliberado, apropriação e referência.