“Me chamo Victor Henrique Fidelis, sou um artista plástico de São Paulo, Brasil, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo. Autodidata, desenvolvo minha linguagem artística desde os 15 anos de idade, transitando por técnicas de desenho como grafite, lápis de cor, canetas esferográfica e hidrográfica e, mais recentemente, tinta acrílica, atualmente minha técnica principal. O contato com as artes plásticas, sobretudo as bidimensionais (pintura, desenho, gravura) se deu meu ambiente familiar, sendo introduzido a artistas como Di Cavalvanti, Tarsila do Amaral e Portinari logo em minha primeira infância, por minha tia e mãe, formadas em Artes. Soma-se a esses pintores uma gama de grafiteiros. Tal pesquisa imagética recentemente se tornou em uma tese final de graduação que se debruça em localizar a minha própria produção comas demais contribuições à Arte Afro Brasileira, encontrando paralelos temáticos comuns. Exploro as questões que interceptam os corpos racionalizados brasileiros, dos desconfortos das relações raciais na sociedade a suas consequências, da busca por si, por autoestima e consciência de imagem que é comum a pessoas pretas, da pluralidades e potencialidades do negro brasileiro, me utilizando das memória de relações interraciais, dos encontros e desencontro como curativo de todo esse processo. É a partir de auto retratos deformados, do uso de meu próprio rosto, minhas próprias formas sob diferentes proporções, que exercito as multiplicidades possíveis a nós. Retratar corpos pretos é um exercício de autoconhecimento em meu trabalho. Os rostos e formas desenhadas por mim vêm de minhas referências mais próximas, da memória dos corpos que me cercam, que em muito são as minhas formas também. Entender o quê nos faz grupo, a variedade dentre tais formas, as texturas, cores, particularidades e traços comuns é refletir quais narrativas foram impostas a nós, para então criarmos novos lugares.”