A cama é um palco e o chão é um lar. As noções de privado e público já estão do avesso, com uma vulnerabilidade melancólica e carnal. Cercada por um denso ar de afetos históricos, em um lugar de pura intimidade como um quarto de hotel, as pinturas de Adriel Visoto são a composição paradoxal de uma janela feita de espelho quebrado: tentando olhar o mundo, através de pequenos quadros, se é forçado a olhar a uma versão estilhaçada de si mesmo.
Pode-se ver Paris através dessa hospedaria-fortaleza. Essas paredes não são feitas apenas de tijolos e pedras, mas de memórias e pura história. As janelas, entretanto, são densos espelhos, fazendo com que se olhe a si mesmo quando se esperava ver a silhueta da cidade no horizonte.
No trabalho de Visoto, histórias cotidianas são o tema principal das pinturas, apresentando-nos fragmentos inconscientes, afiadas e perigosas memórias de nós mesmos.