Cosmic Egg
11.25.2023-02.10.2024

Cosmic Egg

Felippe Moraes 11.25.2023-02.10.2024

“Tem uns dias que eu acordo
Pensando e querendo saber

De onde vem o nosso impulso
De sondar o espaço (…)

E de pensar que não somos
Os primeiros seres terrestres
Pois nós herdamos uma herança cósmica”

Errare Humanum Est – Jorge Ben Jor, 1976

Há perguntas e sussurros que nascem com todos nós. Podem ser escutados ou ignorados. Endereçados ou não, nos acompanham como nossas sombras. Assim o foi com nossos antepassados e assim seguirão sendo no futuro, até que nós mesmos nos tornemos ancestrais. Muitos de nós se permitem imergir nessas águas profundas apenas no instante da morte, da passagem. Na ilusão materialista, privam-se do gozo cósmico de sentirem-se tal qual são: instantes fugidios na eternidade. Ora perene, ora vivendo por um segundo. Ora minúsculos, ora colossais.

OVO CÓSMICO se instaura como experiência estética, simbólica e espiritual. O microcosmo de uma jornada iniciática que propõe, na observação de modelos celestiais, uma mirada em direção ao cosmos interior. Propõe-se como contemplação da infinitude e das questões sem respostas. Com elas aprendemos a flutuar no mar das incertezas como própria condição de seres eternos inseridos em uma sucessão de pequenas e repetitivas vivências finitas.

Há em OVO CÓSMICO o estabelecimento de um ambiente que evoca e invoca símbolos, narrativas e mitologias repetidas reiteradamente por diversas tradições. Nele nos colocamos a fim de fazer as antigas perguntas, mas cuja forma, teor e conteúdo nos esquecemos em uma civilização que se esconde na nitidez insípida do saber instrumentalizado. Não há aqui uma fuga da ciência, mas uma tentativa de nos arremessar novamente no mistério, na suspensão ontológica. Lugar de onde ela mesma emana.

Dessa maneira, OVO CÓSMICO é tanto uma pista de dança celestial, quanto um gabinete alquímico, um modelo astronômico, ao mesmo tempo que um templo astrológico. É tanto exposição quanto caminho iniciático. Uma pletora de sedutores objetos luminosos quanto uma coleção de artefatos mágicos. Tal qual nossas múltiplas vidas na roda do mundo, pode ser arrebatadora quanto esvaziadamente materialista. O que está acima é como que está abaixo, o que está abaixo é como que está acima. Assim, fazem-se os milagres de uma coisa só.

Felippe Moraes

Novembro de 2023

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